domingo, 27 de março de 2016

Pressão alta: Tomo meu remédio? Vou pra emergência?

Vemos comumente pessoas se assustando com níveis de pressão arterial, alguns se apavoram quando ela chega a 17 (170 milímetros de mercúrio) outros tiram isso de letra. Alguns se apavoram quando chega a 20 (200 milímetros de mercúrio) e outros sequer deixam de colocar o sal na comida. É certo que temos de tratar e reduzir estes valores mas com qual urgência? Existe uma diferença grande entre tomar o próprio remédio e esperar, ir numa emergência tomar um medicação sublingual para reduzir mais rápido e internar e colocar uma potente medicação na veia para reduzir ainda mais rápido a pressão arterial. E o que decide isso? É o valor? É o estado clínico? O que decide?
            O valor importa menos salvo casos de níveis muito alto
mesmo, com pressões máximas (sistólicas) acima de 23 (230 milímetros de mercúrio) ou mínimas acima de 13 (130 milímetros de mercúrio). O mais importante é a apresentação clínica do paciente, ou seja: uma pressão bastante elevada com o paciente sem sintomas pode ser reduzida com calma. Quando o paciente apresenta sintomas como  dor de cabeça, tonteira, alterações visuais como pontos pretos ou brilhantes,  a situação tem de ser tratada de forma mais rápida. Agora o paciente apresentando dor no peito, falta de ar, déficits neurológicos como um braço ou perna dormentes sem mover direito, perda do campo visual ou visão dupla ou até mesmo cegueira momentânea, isso indica que as medidas tem de ser tomadas com muita rapidez para se evitar uma conseqüência mais grave.

            Com  a gravidade clínica, definimos quem orientamos em casa, quem vai pra emergência tomar um remédio e volta e quem precisa ficar internado em CTI para reduzir a pressão arterial. Nessas datas em que são comuns os abusos alimentares, as crises hipertensivas ficam mais freqüentes nas emergências. 

sexta-feira, 25 de março de 2016

Síndrome de Sjogren - doença dos olhos secos e boca seca.

      Recentemente soube que alguém próximo à minha família estava com o diagnóstico de Síndrome de Sjogren e para meu próprio conhecimento e passar um pouco disso adiante, resolvi pesquisar e escrever este texto.
            A Síndrome de Sjogren é uma doença autoimune, ou seja, nesse grupo de patologias o sistema imunológico trata o nosso corpo ou partes dele como se fossem invasores e ataca essas partes com anticorpos provocando inflamação e perda de função. Na Síndrome de Sjogren não é diferente, os principais alvos são as glândulas lacrimais e salivares causando olhos secos e boca seca. Ela pode vir sozinha ou acompanhada de outras doenças autoimunes como artrite reumatóide ou lúpus e a imensa maioria dos acometidos são mulheres.
            Além de olhos e boca seca normalmente os pacientes podem apresentar: dor articular com inchaço, inchaço nas glândulas salivares, pele seca, ressecamento vaginal, tosse seca persistente e fadiga prolongada.
             A causa primária não é conhecida porém aparentemente um mecanismo de gatilho seja necessário como infecções por determinados vírus e bactérias. Além das glândulas lacrimais e salivares, o sistema imunológico pode atacar também articulações, a tireóide, os rins, o fígado, pulmões, a pele e os nervos.

      As complicações mais comuns envolvem a boca (infecções dentárias, infecções fúngicas) e os olhos (úlcera de córnea, visão turva e fotossensibilidade). Complicações menos comuns envolvem pneumonia, bronquite, disfunção renal, hepatite e cirrose hepática. Uma pequena porcentagem pode desenvolver linfoma (câncer linfático) e pode acontecer neuropatia periférica com entorpecimento, sensação de queimação e formigamento em mãos e pés.
      O diagnóstico envolve exames laboratoriais, exames de imagem e, eventualmente biópsia e o tratamento envolve medicações para aumentar a produção de saliva, colírios lubrificantes e outras medicações comuns às doenças autoimunes como anti-inflamatórios e imunossupressores. As infecções devem ser tratadas especificamente. Existem cirurgias oftalmológicas para aliviar a secura dos olhos também.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Vou ao dentista, preciso tomar antibiótico?

          Muitas pessoas quando vão ao dentista já tendo algum histórico cardiológico são frequentemente confrontados ante a necessidade de tomar antibióticos antes de realizar qualquer procedimento dentário. A confusão aumenta caso nesse histórico exista implante de dispositivos como stents, marcapassos e etc. Qual o objetivo desse antibiótico? Quando é necessário tomar?
            O medo nesses casos é a prevenção de uma infecção no coração chamada endocardite infecciosa, quando bactérias circulantes se alojam no coração e ali fazem colônias grandes chamadas vegetações bacterianas que culminam por causar uma infecção séria que requer internação e antibióticos venosos de longa duração e muitas vezes cirurgias para troca da válvula ou prótese valvular acometida. Mas não são todas as pessoas que necessitam tomar pois, de uma forma geral, pessoas saudáveis sem alterações estruturais no coração não estão sob risco de desenvolver essa infecção e aí se faz preciso definir quem é a população de maior risco.
            São elas: portadores de próteses valvares, comunicações entre o lado direito e o lado esquerdo do coração, passado de endocardite e cardiopatia congênita cianótica complexa. Outras situações são de risco moderado como a maioria das cardiopatias congênitas menos complexas, problemas valvulares pela doença reumática, cardiomiopatia hipertrófica e prolapso valvar mitral quando a válvula permitir retorno de sangue por ela. As outras situações como infartos, presença de stents, marcapassos, desfibriladores implantados não tem necessidade de uso de antibiótico como prevenção.

            E quanto ao tipo de procedimento a ser realizado, bascicamente, indicamos a profilaxia com antibióticos em todo procedimento que cause sangramento e, havendo a condição cardíaca predisponente, o antibiótico está indicado.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Cirurgia Bariátrica em Insuficiência Cardíaca


          Comumente vemos pacientes portadores de obesidade grau III submetendo-se a cirurgia bariátrica como tratamento após as muitas tentativas de tratamento. Além disso, observamos também que muitos paciente que, secundários a obesidade, desenvolvem hipertensão, diabetes, problemas articulares e respiratórios para citar alguns exemplos e a cirurgia com conseqüente perda de peso não raro promovem o controle dessas patologias livrando o paciente muitas vezes da medicação. Nota-se, contudo, que a maioria imensa dos pacientes que se submetem a cirurgia não tem doenças cardíacas definitivas e que a perda de peso constitui importante fator para reduzir o risco cardiológico do paciente. Mas e quanto ao que já tem doença estabelecida? Aquele que já tem o coração grande e fraco?
            O Journal of the American College of Cardiology publicou esta semana um trabalho onde eles acompanharam pacientes portadores de insuficiência cardíaca (coração fraco na maioria das vezes) que foram submetidos à cirurgia bariátrica e acompanharam após para avaliar a incidência de internações por exacerbações de insuficiência cardíaca e os resultados foram animadores. Após a cirurgia houve uma significante queda nas internações e atendimentos em emergência causado por insuficiência cardíaca e essa queda foi ainda mais pronunciada após 13 a 24 meses após a cirurgia.

            Importante salientar que a cirurgia bariátrica NÃO CURA a insuficiência cardíaca mas promoveu significativa melhora na necessidade de atendimentos e internações por conta dela, ou seja, melhorou bastante  o controle da enfermidade e a qualidade de vida do paciente. 

sexta-feira, 4 de março de 2016

Se for magro pode?


             Com tantos tratamentos, fórmulas e receitas para emagrecer por aí, é certo que alguns sacrifícios deverão ser feitos para os que buscam uma vida mais saudável e concomitante redução de peso. Partindo dessa premissa, aqueles que são geneticamente “favorecidos” com um biotipo mais magro se vêem e são vistos com alguma vantagem. Quando uma pessoa magra recusa comidas muito gordurosas, excesso de carboidratos ou não repete a terceira vez uma comida muito gostosa é comum ouvir de alguém a frase: come! Você é magro e você pode! Será que pode?
            Não é de hoje que são conhecidos os vários malefícios da saúde do acúmulo de gordura corporal e principalmente aquela do abdome (a barriguinha) que é uma gordura visceral. Essa está associada a hipertensão, diabetes, aumento do risco cardiovascular no geral. Porém a pessoa com peso normal não está imune aos malefícios dos alimentos ruins pra saúde. Elas podem até não engordar e nos exames laboratoriais as taxas comumente dosadas estarem normais porém não fogem aos picos de insulina causado pelos açúcares, não fogem às reações inflamatórias do glútem, não fogem aos cancerígenos conservantes e defensores agrícolas, não escapam da maior incidência de placas de gordura que depositam nos vasos das gorduras ruins, não desviam dos danos hepáticos do álcool. Não engordar é um ponto (a favor, sem dúvida) porém não isenta o indivíduo dos nefastos efeitos causados pelos alimentos processados, industrializados, ricos em gorduras, açúcares e sódio (sal). Além disso, nem sempre o magro aos olhos estéticos se confirma a uma medida fidedigna de gordura corporal mostrando que os olhos nos enganam facilmente.

            Cuide do que é ingerido e leve uma vida mais saudável, independente de seu peso. Pratique exercícios, prefira alimentos naturais e se hidrate bem. Remédios não trazem saúde, vida saudável sim.