sexta-feira, 31 de maio de 2013

Hepatites


            Começarei uma série hoje falando sobre uma doença muito comum que afeta o mundo inteiro, a hepatite. Como o nome define, as hepatites são inflamações do fígado que podem comprometer mais ou menos seu funcionamento e de forma transitória ou permanente. Elas podem ser infecciosas, medicamentosas, por intoxicação de substâncias não medicamentosas e mais raramente, por doenças autoimunes (doenças nas quais o corpo produz anticorpos contra estruturas próprias).  Na maioria dos casos, ela é infecciosa, causada por vírus, e é delas que vamos falar principalmente. No primeiro texto, falaremos sobre a mais comum delas que é a hepatite A.
            A hepatite A é causada por um vírus transmitido por ingestão de água e alimentos contaminados pelo vírus. Como o indivíduo infectado elimina o vírus nas fezes, é uma doença extremamente relacionada  a cuidados de higiene e saneamento básico. Por isso também, é o tipo de hepatite mais comum e também normalmente a mais benigna.
            Os sintomas normalmente são:

Sintomas virais inespecíficos como febre e dor no corpo
Nenhum sintoma
Fraqueza
Icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos)
Coloração escura da urina
Dor abdominal

Consegue-se prevenir o contágio da hepatite A com cuidados simples como lavagem rigorosa das mãos após ir ao banheiro, antes de preparar alimentos (principalmente os crus), lavagem rigorosa desses alimentos, evitar ingestão de água não potável e, no Brasil, é extremamente comum surtos de hepatite após inundações já que temos contaminação de reservatórios de água limpa por água suja que transborda de galerias de esgoto.
O tratamento usualmente é apenas sintomático e a hepatite A é autolimitada. Em poucos dias os sintomas desaparecem sem deixar sequelas. Existe uma forma rara de hepatite A fulminante, grave, que cursa com insuficiência hepática grave, mas como dito, é raro.

            Se cuidem!

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Isquemia

        
             Baseado no último texto sobre cintilografia, venho falar sobre o que a cintilografia melhor detecta que é a presença de ISQUEMIA     no coração. A pergunta óbvia depois é: o que é isquemia?
            Isquemia é quando uma determinada área ou órgão entra em falta de oxigênio. Enquanto ela for reversível é isquemia, quando as células morrem diz-se infarto. O termo é muito comumente usado para o coração e o cérebro porém qualquer área pode ser vitima de isquemia e infarto. Exemplos são vários como áreas do intestino infartadas por oclusão de artérias mesentéricas, infartos renais por oclusão das artérias renais, infartos pulmonares e etc.
            No dia a dia, quando uma pessoa diz que teve uma isquemia, normalmente ele está falando sobre coração ou cérebro e, normalmente, enquanto é isquemia, é reversível porém depois de virar infarto (morte das células por falta de oxigênio), não tem mais como retornar. O infarto cerebral é mais conhecido como acidente vascular cerebral isquêmico, o AVC.
            No coração, quando um teste ergométrico, ou uma cintilografia detecta isquemia no coração, normalmente estamos diante de um quadro reversível, tratável de doença coronariana que, se não adequadamente tratada, pode levar o paciente ao infarto.

            Devemos sempre lembrar que mais importante que diagnosticar tais doenças, a prevenção é o meio mais fácil, barato e seguro de se evitar mortes. Controlemos nossos fatores de risco (pressão arterial, colesterol, glicose, sedentarismo), dizer um não definitivo ao cigarro e às gorduras nocivas e por certo cada vez menos doentes do coração teremos. 

Cintilografia do Coração



            A alguns de vocês já pode ter sido solicitado ou terem visto algum familiar fazendo, o exame de cintilografia do miocárdio é importante ferramenta para o diagnóstico de doença coronariana que vem a ser o entupimento de uma ou mais coronárias (artérias que alimentam o músculo cardíaco).
            A cintilografia é um exame de medicina nuclear, não envolve contraste iodado e tem como base a injeção de uma substância radioativa  que é captada por um aparelho  e faz aparecer uma imagem cintilante quando passa. Então o princípio é: se a circulação está boa, a substância colorirá toda a área estudada sem falhas, se houver falhas na circulação, a área comprometida terá falhas no enchimento.
            Em se falando de miocárdio, a coisa vai um pouco além pois uma coronária parcialmente obstruída pode ser suficiente para prover a circulação em condições de repouso porém em situações de esforço aí não seria mais suficiente. Para melhorar o exame então, ele é feito em duas etapas: uma de repouso e outra de esforço e as imagens são comparadas. Aparecendo falhas no esforço que não aparecem no repouso, está feito o diagnóstico de obstrução coronariana e o médico deverá prover o melhor tratamento.
            Nos pacientes que não toleram esforço, ou que exista alguma limitação física para tal, a solução é fazer o exame com o que chamamos de "estresse farmacológico". Ou seja, no lugar de colocar o paciente numa esteira, é dado uma medicação que acelera o coração e que imita o esforço, porém o paciente continua deitado. O princípio para análise do exame permanece o mesmo.

            Outras vezes o cardiologista pede a cintilografia quando o paciente apresentou alguma alteração no teste ergométrico porém tal alteração não convenceu o médico de que este paciente tem doença coronariana  ou o paciente foi incapaz de atingir uma frequência cardíaca  ideal para que o teste traga boas informações. A cintilografia entra como excelente opção para confirmar a existência ou não de doença. 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Animais e o Coração



       Matéria publicada recentemente no jornal do American College of Cardiology (Colégio Americano de Cardiologia) relaciona proprietários de animais (primariamente cães e gatos) com melhor prognóstico cardiovascular. Listo aqui alguns pontos do aritgo:

1 – Vários estudos que relacionaram a relação entre donos e animais de estimação, relataram benefícios como aumento da atividade física, melhora das taxas de colesterol, redução da pressão arterial, diminuição da resposta da adrenalina ao estresse e aumento da sobrecida após um ataque cardíaco;

2 – Um estudo australiano com mais de  5700 pacientes comparou pessoas proprietárias de animais ou não com mesma situação socioeconômica e os níveis de pressão arterial foram significantemente menores no grupo com animais domésticos;

3 – Embora com poucos dados, o estudo evidenciou também leve melhora no colesterol entre os proprietários de animais (cachorros);

4 – Os cachorros influenciam mais positivamente no quesito atividade física e proprietários de cachorros que passeiam com seus cachorros atingem as metas mais facilmente do que os que não passeiam;

5 – A união de humanos e animais em atividades físicas e recreacionais é um mecanismo que ajuda a vencer a obesidade;

6 – Estudo envolvendo casais proprietários de cães ou gatos outro grupo sem animais mostrou que a pressão arterial e frequência cardíaca de repouso do grupo com anuimais era significantemente menor, indicando melhor resposta ao estresse e melhor recuperação em repouso;

7 – Estudo envolvendo sobrevivência após doença cardiovascular estabelecida mostrou que proprietários de animais de qualquer espécie, mas principalmente cachorros, tendem a ter mais sobrevida e menos internações.

       Parece realmente que ter animais de estimação tem muito mais benefícios do que se imaginava, porém não podemos esquecer de todos os cuidados necessários com a higiene, cuidados e saúde dos animais para que o benefício não se transforme em transtornos e/ou maus-tratos.
        

domingo, 12 de maio de 2013

Câncer de Próstata


       Depois de falar sobre a hipertrofia prostática benigna, falaremos hoje sobre o câncer de próstata. É o câncer que mais mata homens em todo mundo e constitui um problema de saúde mundial. Ataca preferencialmente homens com mais de 60 anos porém pode acontecer antes.
            Hoje é uma doença perfeitamente diagnosticável e tratável quando detectada em seus estágios iniciais, porém quando diagnosticada tardiamente  o tratamento fica bem mais complicado  e o número de óbitos aumenta bastante.            
            Os sintomas podem ser aqueles do crescimento benigno  da próstata (pois muitas vezes a próstata está aumentada) mas também pode não ter tais sintomas ou aparecer sintomas como dor durante a ejaculação e dor nas costas. O diagnóstico vem através do exame de toque retal (onde através do reto o médico sente a próstata, seu tamanho e consistência), uma exame de sangue que dosa o antígeno prostático específico (PSA) além de exames de imagem (ultrassonografias e exames radiológicos) e biópsias. Nos estágios iniciais ele é assintomático, ou seja, o paciente nada sente e a visita regular ao urologista é importante assim como o preventivo para a mulher.  
         O maior inimigo do diagnóstico precoce é o PRECONCEITO. Muitos homens ainda encaram com muita resistência submeter-se ao exame de toque retal achando que serão feridos em sua masculinidade. Com isso, muitas vezes o diagnóstico só vem quando existem sintomas, tumores avançados e metástases, tornando o tratamento muito difícil e muito mais sofrido.
            O tratamento pode ir desde observação, terapia hormonal, quimioterapia, radioterapia, cirurgia de retirada da próstata e/ou combinação de várias modalidades. O importante é ter em mente que quanto mais cedo, mais chance, quanto mais tarde, menos chance e mais sofrimento.
            Não tenham receios, falem com seu médico.

sábado, 11 de maio de 2013

Próstata


            A próstata é uma glândula que só existe nos homens que fabrica um líquido que faz parte da composição do sêmen. Nos homens jovens ela é aproximadamente do tamanho de uma noz e, gradualmente, vai crescendo com a idade. Quando cresce demais, ela pode causar problemas.
            A uretra, ducto que leva a urina da bexiga para o exterior durante a micção, passa no meio da próstata e, conforme o crescimento, a próstata pode estrangular a uretra no seu interior. Dessa forma surgem os sintomas da hiperplasia prostática benigna (HPB), quadro comum dos homens na terceira idade.
            Os sintomas podem ser:
·         Urina com jato fraco e lento
·         Incapacidade de esvaziar a bexiga
·         Vontade de urinar frequente (principalmente à noite)
  Nos casos mais severos, a obstrução pode ser intensa que pode provocar incapacidade de urinar, uma condição muito dolorosa chamada comumente de bexigoma (uma bexiga muito cheia, muito dura que não consegue se esvaziar) e insuficiência renal.
  O diagnóstico é feito pelo urologista e, nos casos mais leves, é tratado com medicação. Se evoluir para um tamanho maior com uma obstrução mais severa, a retirada cirúrgica da próstata é necessária.
  Todo homem, principalmente após os 40 anos,  deve vigiar sua próstata assim como toda mulher deve vigiar as mamas e o colo do útero. As patologias são frequentes e tratáveis se detectadas precocemente.
       Fale com seu médico!

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Doença Arterial Periférica



       Uma doença relacionada a níveis altos de colesterol, pressão alta , diabetes e ao tabagismo é a doença doença arterial periférica. Podendo atingir potencialmente o corpo todo, comumente afeta a aorta e as artérias dos membros inferiores (pernas).
         Na medida que os fatores de risco não são controlados, placas de gordura vão surgindo e crescendo na parede das artérias e, progressivamente, reduzindo o fluxo sanguíneo. Usualmente quando os sintomas aparecem já existe uma doença avançada que requer, muitas vezes, tratamento cirúrgico de desobstrução e, nos casos mais graves, amputação do membro acometido.
         Os sinais e sintomas são variáveis e podem ser:
·       Dor que aparece quando faz esforço e desaparece no repouso;
·        Fraqueza na área acometida
·       Atrofia do membro acometido (se tornar mais fino, pelos caem);
·       Feridas que podem ser espontâneas que demoram a cicatrizar (ou não cicatrizam);
·       Palidez ou cianose (coloração azulada) na pele da área acometida;
·       Gangrena
O mais importante é prevenir a doença arterial periférica evitando seus fatores de risco (hipertensão, diabetes, colesterol alto e cigarro). Caso ela já tenha aparecido, controla-los e, fundamentalmente, parar de fumar, são de suma importância. Vale ressaltar que está profundamente relacionada ao cigarro e que, além de amputações e infecções que podem ser fatais, se acometer aorta, pode comprometer as artérias renais levando à insuficiência renal, comprometer a irrigação genital, levando à impotência, obstruir as carótidas aumentando o risco de acidentes vasculares cerebrais.
A qualidade de vida fica severamente comprometida quando o paciente tem doença arterial periférica e vale todos os esforços para sua prevenção e tratamento. 

sábado, 4 de maio de 2013

Arritmias Cardíacas



        As arritmias são alterações dos batimentos cardíacos. Elas podem ser por aceleração do coração, lentificação do coração, batimentos irregulares ou combinação de algumas delas. Elas são de importância pois algumas delas pode representar risco de parada cardíaca ou são fatores de risco para outros problemas como acidente vascular cerebral e , dessa forma, devem ser diagnosticadas e tratadas de forma eficaz para minimizar os riscos.
            Os sintomas mais comuns incluem:
·         Palpitações
·         Cansaço
·         Falta de ar
·         Tonteiras
·         Sensação de desmaio
·         Desmaios

Existem várias formas de se conduzir um paciente com arritmia que pode ser desde não fazer nada até procedimentos invasivos como implantes de marca-passo, cardio desfibriladores implantáveis, estudo eletrofisiológico e ablação (fazer a cauterização por radiofrequência da área cardíaca responsável pela arritmia). Também o médico deve estar atento às causas que podem estar por trás das arritmias como medicações, distúrbios da tireóide, doenças renais, uso de drogas ilícitas, doenças das válvulas cardíacas, doença coronariana (entupimento de artérias que alimentam o coração), desequilíbrio do estado de hidratação e dos minerais do organismo e alterações da estrutura do coração (podendo ser congênitas ou adquiridas).
O cardiologista deve estar sempre atento pois essa é uma das áreas mais complexas da cardiologia que, por isso, existem especialistas que só fazem isso: os arritmologistas. Se você tem sintomas que sugerem a existência de arritmias, não demore em procurar seu médico.