sexta-feira, 29 de julho de 2016

Microbiota Intestinal - um micro mundo de imensas funções

Todos nós temos dentro do nosso intestino uma população imensa de microorganismos que formam a nossa microbiota intestinal. Esses organismos, que entram na nossa vida logo após o nascimento, tem um importante papel na nossa vida, muito mais do que se imagina.
            Estudos tem mostrado que alterações nessa microbiota (prevalência de determinadas espécies sobre outras) podem ser não únicos mas muito responsáveis por uma série de problemas como obesidade, diabetes, doenças inflamatórias intestinais, intestino irritável, câncer de intestino entre outras. A  obesidade, preocupação crescente no mundo todo, tem sido alvo de estudos e cada vez mais a microbiota intestinal tem um papel definitivo tanto no desenvolvimento da obesidade quanto no tratamento dela. A terapia alimentar restritiva isolada, como mecanismo de emagrecimento, não é de hoje que tem se mostrado com alto índice de falha para tratar a obesidade e é certo que se precisa de algo mais.
            Nessa linha de tratamento, vem ganhando importância os prebióticos (alimentos que induzem alterações benéficas na microbiota intestinal tanto na composição, tanto na atividade) e os probióticos (os próprios microorganismos que, ingeridos na quantidade correta, alteram de forma correta e benéfica a flora intestinal). Análise da microbiota intestinal de pacientes submetidos a cirurgia bariátrica mostram importantes modificações nesses pacientes. Uma forma de tratamento que tem se mostrado eficaz, ainda experimental, mas com resultados promissores é o transplantes fecal. Isso mesmo, inserção de microbiota saudável de um doador num receptor tem se mostrado bastante eficaz para restabelecimento de uma microbiota adequada.


            Está comprovado que a microbiota intestinal interfere em várias vias metabólicas, no mecanismo de saciedade cerebral e na resistência a ação da nossa própria insulina, controle glicêmico, imunidade e inflamação entre outros. O restabelecimento de uma microbiota saudável é fundamental para o adequado tratamento e controle dessas mazelas.
            

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Você conhece a Miastenia Gravis?

Esta semana me deparei com dois casos de uma patologia incomum (estimada em cerca de 150 casos/milhão) que apareceram no mesmo dia em estágios diferentes que, com a ajuda preciosa e luxuosa do neurologista, o diagnóstico foi concluído e os pacientes foram tratados adequadamente. Estou falando de MIASTENIA GRAVIS.
            Essa doença é caracterizada, como o próprio nome sugere (mio = músculo e astenia = fraqueza) por uma fraqueza muscular importante que mais comumente acomete a musculatura ocular e das pálpebras porém pode acometer outros músculos do corpo e é causada por autoimunidade. O próprio corpo fabrica anticorpos que agem na junção do nervo (neurônios, células nervosas) com o músculo. Isso atrapalha a transmissão do impulso nervoso para os músculos e ele vai deixando de responder. Nos portadores de miastenia gravis, quanto mais vc usa o músculo, mais fraco ele fica.

Sintomas de miastenia gravis estão associados aos grupos musculares atingidos e podem ser:
 - dificuldade de respirar (fraqueza da muisculatura torácica)
 - engasgos (comprometimento da musculatura da deglutição)
 - difuculdade de subir escadas, levantar-se ou levantar objetos
 - pálpebras caídas, aparência de face “caída”
 - diplopia (visão dupla por comprometimento da musculatura ocular)
- rouquidão, mudanças na voz
- fadiga generalizada
            O diagnóstico inclui identificação dos anticorpos, exames de imagem do tórax pois alguns tumores de um órgão do sistema imunológico chamado timo podem ser causadores dessa patologia e estudos da condução dos nervos.
            Não há cura para miastenia, ela pode entrar em remissão, o paciente levar uma vida próxima do normal e ter crises miastênicas com piora dos sintomas. O tratamento inclui imunossupressores para reduzir a produção de anticorpos, drogas que melhoram a transmissão dos impulsos nervoso para os músculos, plasmaférese (procedimento onde os anticorpos são retirados da circulação) , imunoglobulinas, cirurgia de remoção do timo e medidas como repouso, evitar calor excessivo, fisioterapia e fonoaudiologia ajudam a preservara a musculatura, previnem complicações como broncoaspirações (ir conteúdo alimentar pra tubo respiratório) enquanto o tratamento progride.
            Fale com seu médico. 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Musculação em Crianças e Adolescentes, Pode?

Recentemente uma amiga, mãe, médica me abordou sobre uma dúvida se seu filho de 12 anos deveria ou não começar a realizar treinos de musculação. Entrando na adolescência, o menino que é magro certamente deseja obter músculos com objetivos outros que não a saúde propriamente dita porém a salutar dúvida da mãe me suscitou a pesquisar e escrever este texto. É indicado o treino de força para crianças e adolescentes?
Revisando artigos, praticamente a unanimidade deles fala que sim, é possível, desejado e benéfico o treinamento de força entre
crianças e adolescentes atletas e não atletas e com 8 a 12 semanas de treino elas podem aumentar em até 50% sua força porém, óbvio, o treino não deve ser realizado da mesma forma que o treino em adultos formados. Crianças estão em crescimento, cartilagens epifisárias (responsáveis pelo crescimento) representam pontos de fragilidade e a hipertrofia muscular como a desejada pelos adultos na musculação não é desejável nesta época. Além dos exercícios de força, são recomendados exercícios de agilidade, resistência e pliometria (modalidade que envolve exercícios como saltos e lançamentos que promovem alongamento e depois uma rápida e vigorosa contração muscular) e o cuidado para que, nos exercícios de força com pesos, não se busque atingir o peso máximo. Exercícios com peso máximo e o halterofilismo olímpico só devem ser praticados após a completa maturação do sistema esquelético.


As lesões descritas nos estudos relacionadas ao treino de força em crianças e adolescentes estão relacionadas mais ao mau uso do equipamento, má postura, pesos inadequados do que ao fato de ser em criança em si. E é de FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA a supervisão de um profissional de educação física que esteja habituado a trabalhar com crianças e adolescentes. O ganho de força, desempenho, saúde e inequívoco, não compromete o crescimento e deve ser encorajado. A interação entre o pediatra e o profissional de educação física é sempre bem-vinda.