Comumente nos atendimentos
ouvimos de pacientes a frase: “eu tomo o AAS (aspirina, AAS, melhoral infantil,
somalgim, cardioaas, etc) pra afinar o sangue” e não raro ouvimos também que falhas
são recorrentes na ingestão desse remédio. Fazem uso religioso do remédio da
pressão ou pro diabetes mas da aspirina...essse muitas vezes é esquecido e
usado irregularmente ou nem usado. Mas por que ele é importante? Por que ele é
prescrito?
O ácido acetilsalicílico, substância ativa desses remédios é uma medicação que veio para o mercado inicialmente como
analgésico, antitérmico e anti-inflamatório e que depois foi visto que ele tem
uma segunda ação que é ainda mais importante no organismo. A de impedir a
adesão das plaquetas! E o que são as plaquetas? As plaquetas são elementos que
circulam no sangue e que, numa necessidade de coagulação, ou seja, de “estancar
um sangramento” elas se grudam umas nas outras e literalmente tampam o buraco
que existe numa vaso sanguíneo para interromper o sangramento. É nossa primeira
linha de defesa quando existe um corte ou um ferimento sangrante.
Pois bem, quando sabemos que o paciente tem doença
aterosclerótica nos vasos, ou seja, existem placas de gordura que obstruem
total ou parcialmente a parede dos vasos, essas placas podem induzir a
agregação das plaquetas dentro do vaso, mesmo sem qualquer corte, e com isso,
formam-se coágulos que ocluem completamente os vasos. Se isso acontece numa
coronária, vem um infarto, se acontece num vaso cerebral, vem o acidente
vascular cerebral (AVC conhecido comumente como derrame cerebral). Então não
podemos subestimar o poder do ácido acetilsalicílico mas também não podemos
sair dando para todos sem critérios. Como todo remédio ele tem seus efeitos
colaterais, contra-indicações e riscos. Ele é muito irritante pro estômago,
podendo levar ou agravar gastrites e provocar úlceras, ele pode piorar
sangramentos em casos de traumas ou
cirurgias de urgência e doses mais altas pode levar a uma intoxicação chamada
de salicilismo e também não são poucas as pessoas alérgicas ao ácido
acetilsalicílico.
Para quem dar? Do ponto de vista da cardiologia, prescrevemos para todos
aqueles que sabemos que tem doença aterosclerótica (se não houver
contra-indicação) e para aqueles que não detectamos mas que achamos que estão
sob alto risco de tê-la. Não se auto-medique, consulte seu médico!
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