Muitas condutas dentro da medicina são pautadas no grau de
risco do paciente para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Baseado
nesse risco, podemos ser mais ou menos agressivos quando se trata de dar
remédios, de medidas de controle, em metas a serem alcançadas tanto físicas
tanto laboratoriais. Para ilustrar vou dar um exemplo: um paciente que chega
com colesterol alto no consultório, se ele só tiver o colesterol alto e mais
nada insistiremos na dieta e nos exercícios físicos e daí repetiremos o exame
em alguns meses. Porém se ele for diabético, hipertenso, ele ganhará o remédio
pra baixar o colesterol além sempre da dieta e doas exercícios físicos. Por que
isso? Pelo fato dele ser hipertenso e diabético o risco dele desenvolver doença
cardiovascular é maior do que se não fosse.
Temos então
entre os fatores de risco aqueles que a gente pode abolir (cigarro,
sedentarismo, obesidade, alimentação inadequada, gordura abdominal), aqueles
que podemos controlar e até curar em casos específicos (hipertensão, diabetes,
colesterol alto) e o que não podemos modificar (história familiar, genética).
Na medida que os fatores de risco se somam, o risco cardiovascular aumenta e,
estatisticamente, essa pessoa está sob maior risco sempre de ter um infarto do miocárdio ou um acidente
vascular cerebral. Quando são detectadas lesões nos órgãos esse risco aumenta muito como por exemplo um coração já crescido num paciente hipertenso, vasos da retina alterados, função renal alterada num paciente diabético, placas de gordura nos vasos e por isso as medidas devem ser ainda mais agressivas.
Quando o
médico insiste na importância de modificação de hábitos de vida, da
alimentação, na necessidade da realização de exercícios físicos, o que queremos
e última instância é retirar o paciente dessas estatística sombria das doenças
cardiovasculares que consistem na maior causa mundial de morte não traumática. Além
disso, trocar o salgadinho por salada, o hambúrguer por peixe fresco é
infinitamente mais baratos do que cateterismos, próteses coronarianas,
cirurgias cardíacas e remédios de toda sorte pro resto da vida mesmo para
aqueles que saem bem de um infarto ou acidente vascular cerebral. A feira é
melhor do que a farmácia!
Pensem
nisso!
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