sábado, 27 de fevereiro de 2016

Feocromocitoma, já ouviu falar?


Recentemente fui solicitado a atender um paciente jovem com histórico de distúrbios psiquiátricos com hipertensão arterial muito severa. Além disso, a despeito da medicação usada, ele fazia crises de pressão alta muito graves nos momentos em que apresentava os surtos psiquiátricos com grave agitação. Na consulta inicial ele estava bem porém logo deu entrada na emergência e fui chamado. O quadro apresentava pressão muito alta, paciente muito agitado, taquicárdico (coração batendo muito rápido), estava pálido e com as pupilas dilatadas. Após medicação para controlar o quadro emergencial solicitei a internação e solicitei alguns exames que confirmaram o diagnóstico: feocromocitoma.
O feocromocitoma é um tumor originário da glândula supra-renal, pode ser maligno ou benigno e tem como característica secretar enormes quantidades de adrenalina na circulação. Quando isso ocorre o paciente entra em crise de de hipertensão arterial, batimentos acelerados, pode ficar agitado e isso causar confusões diagnósticas. O diagnóstico é sugerido por exames laboratoriais, mostrando níveis elevados das substâncias secretadas pelo tumor e conformado através de exames de imagem que mostram o tumor e o tratamento normalmente é cirúrgico, retirando-se o tumor. Se for maligno as medidas adjuvantes como radioterapia podem ser avaliadas caso a caso.
Feocromocitoma é uma causa de hipertensão a ser investigada sempre que esta se apresentar refratária, de difícil controle, se mostrar em “crises” e acompanhada de  sintomas como taquicardia, agitação, palidez, tremores. Eventualmente a crise de liberação de adrenalina pode ser desencadeada por palpação do abdome num exame médico, um trauma abdominal leve, etc.

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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Síndrome de Guillain Barre


        Tem-se falado muito sobre o Zika vírus e a microcefalia quando gestantes são infectadas mas um outro problema que tem sido associado numa incidência aumentada após a infecção pelo Zika vírus é a Síndrome de Guillain Barre.
            Essa síndrome se caracteriza por uma agressão do sistema imunológico aos nervos periféricos e essa agressão atrapalha a transmissão dos impulsos nervosos do cérebro aos locais acometidos. Não se sabe ao certo os motivos pelos quais isso acontece mas estão bem documentados casos após uma infecção, após cirurgias e após vacinas. Todas situações que estimulam o sistema imunológico.
     Inicialmente os sintomas usualmente são fraqueza e formigamento nos membros inferiores que podem ascender pelo corpo com a progressão. Isso pode culminar com a paralisia da musculatura inclusive a respiratória, levando a necessidade de uso de respiradores artificiais para manutenção da vida nos casos mais severos. É uma patologia grave e é risco de morte para quem desenvolve. Na maioria dos casos os sintomas progridem, se estabilizam e depois começam a regredir e como em toda e qualquer patologia, existem os casos mais brandos de bom prognóstico e os mais severos que colocam a vida em risco normalmente por insuficiência respiratória.

            O tratamento é a plasmaférese, uma técnica de filtração que retira os anticorpos da circulação e a injeção de imunoglobulinas para combater a autoimunidade. A internação é mandatória e a fisioterapia para reabilitação da área acometida deve ser logo inciada e se mostra muito importante após a remissão do quadro. 

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Testosterona e risco cardiovascular



          Já está bem documentado a queda na qualidade de vida do homem quando apresenta queda além da fisiológica dos níveis séricos de testosterona. Condições patológicas por doenças crônicas como diabetes, distúrbios da hipófise ou distúrbios primários dos testículos podem levar a uma queda da produção de testosterona. Existe também o distúrbio androgênico do envelhecimento masculino (DAEM), relacionada a idade, entidade que cursa com queda dos níveis de testosterona.
            Em fevereiro de 2016 o Journal of the American College of Cardiology (JACC) publicou artigo que fala sobre os riscos cardiovasculares do hipogonadismo masculino (queda de testosterona). Uma revisão de artigos mostrou que paciente com níveis normais de testosterona estão sob menor risco de aterosclerose de aorta abdominal além de pacientes com doença coronariana detectada tem níveis de testosterona mais baixo que o controle. Outro estudo mostrou relação entre baixos níveis de testosterona e doença coronariana precoce em homens com 45 anos ou menos além de correlação entre espessamento da parede da carótida e níveis mais baixos de testosterona em homens de meia idade com diabetes tipo II.

            Esses dados falam a favor de um benefício maior para a saúde e longevidade na reposição de testosterona quando níveis baixos são detectados. Os dados de segurança na reposição também estão avançando  a terapia de reposição de testosterona (TRT) é uma realidade.