No
consultório médico, quando realizamos um eletrocardiograma num paciente e damos
a notícia de que o eletrocardiograma está normal, vem em seguida uma face de
alívio imediato seguido da pergunta: então meu coração está bem não é doutor? Ao mesmo
tempo, pululam relatos de pessoas que foram ao consultório , fizeram um
eletrocardiograma, saíram achando que estava tudo bem e no mesmo dia, ou pouco
tempo depois, tiveram um infarto e morreram.
Vamos
então, brevemente, falar sobre esse exame, o eletrocardiograma. Qual seu valor?
O que ele vê? Vamos desmitificar isso para que não haja mais enganos,
superestimações ou subestimações do método.
O
eletrocardiograma é a representação gráfica da atividade elétrica cardíaca,
toda contração cardíaca só acontece mediante um fenômeno elétrico que ativa as
fibras musculares e é essa atividade que é detectada pelo exame. Quando o
coração se encontra com sua estrutura alterada, isso também altera as cargas
elétricas do coração, mudando o traçado do eletrocardiograma e é isso que o
médico que avalia interpreta. Porém o eletrocardiograma é um exame de momento,
ou seja, tirando alterações estruturais do coração que podem alterar cronicamente
o exame (ex: coração grande), para que
seja detectado algo, a coisa tem de estar acontecendo no momento que o exame
esteja sendo realizado.
Um exemplo
clássico disso é quando o paciente entra na emergência com dor no peito ou com
palpitações ou falta de ar, o eletrocardiograma deve ser realizado na hora pois
o evento está acontecendo naquele momento. Mas é difícil mostrar alguma coisa
num exame feito hoje se os sintomas aconteceram dias antes e aí o exame perde
valor. Vale ressaltar que um coração pode estar prestes a sofrer um infarto
mas, em repouso, pode estar equilibrado e com seu eletrocardiograma
absolutamente normal. E isso não é uma parcela pequena dos pacientes. Para melhorar a avaliação o
médico lança mão, além da história de do exame físico, de outros exames que vão
complementar as informações obtidas com a consulta e o eletrocardiograma de
repouso realizado.
Um grande abraço!
Muito boa a explicação!
ResponderExcluirEu infartei e quando realizei o exame 9 horas depois não acusou nada no meu coração. Os médicos só notaram algo estranho quando receberam o exame de sangue que constava alteração. Mas no meu caso foi preciso realizar o cateterismo para fechar o diagnóstico.
Comentário muito pertinente! Exemplo clássico de como um eletrocardiograma normal não quer dizer muita coisa e que foi preciso mais exames para fechar o diagnóstico. Todo exame deve ser avaliado num conjunto de informações e não isoladamente!
ExcluirObrigado!
Que dizer que se voce não tiver enfartando ou tendo um treco qualquer naquela hora o eletro não serve pra nada?
ResponderExcluirNão servir pra nada é muito forte! Mas que perde sensibilidade para detecção de problemas agudos, sem dúvida. Como disse no texto, modificações permanentes do coração causam alterações permanentes mo eletrocardiograma porém antes de acontecer ele pode ser absolutamente normal.
ExcluirObrigado!
Muito esclarecedor o assunto Dr.Alex. Tenho 40 anos e sou Hipertenso (meus pais também o são). Trato a uns 4 anos, faço Natação e Corro 1/2s Maratonas. E todos os anos faço o Eletro e o Mapa. Me sinto bem, mas já senti mal estar após muito esforço. Penso nao ter nada haver com a hipertenção, mas tenho lutado com os remédios pois já estou no 3º e só agora estabilizou. Além do Eletro, no exame de sangue dá pra ver se há alguma alteração importante?
ResponderExcluirMuito bem Conrado! Praticando atividade física e se cuidando. Em verdade, com essa vida que leva, fica meio claro que seu coração está bom. O que normalmente é acrescido a avaliação rotineira do paciente hipertenso é o ecocardiograma, exames laboratoriais gerais e um exame de fundo de olho, que não precisa ser sempre realizado, para ver se tem alterações oftalmológicas causadas pela hipertensão arteria.
ExcluirMuito obrigado e parabéns!